Edição 16 - FUTURO DOS EMPREGOS

    EDIÇÃO 16 -  ECONOMIA POSITIVA                                                                           25/03/2021


       Um bom dia para o "eu" do futuro e para os leitores que um dia  tenham o azar de vir aqui parar.

       Mais confinado que a Rapunzel, e com uma dose assustadora de aborrecimento que invade a minha vida, começa assim mais uma edição de Economia Positiva.

       Atualidade económica, social e política

    - Segunda dase do desconfinamento só será avaliada para a semana. Fonte: Público

    - Rendas altas obrigam Estado a apoio recorde aos jovens. Fonte: JN

    - Grandes empresas de turismo vão ter mais desconto na TSU Fonte: Jornal de negócios


      Futuro dos empregos

      Nesta edição decidi tentar refletir sobre o futuro dos empregos e o que isso implicará na vida do ser humano. Esta edição é baseada no artigo científico "Future of Employment: How susceptible are jobs to computerization" de Michael Osborne e Carl Benedikt Frey.

        O ser humano tem uma capacidade impressionante de adaptação e coordenação em comunidade, sendo por isso a espécie mais poderosa do nosso planeta. Tendo isso por base, facilmente compreendemos que os empregos se alteram ao longo do tempo, muitas vezes sem ser necessária uma revolução.

       Vive-se nos dias de hoje uma hegemonia do mundo tecnológico em que a computação e a informática tem um papel fundamental e um poder soberano sobre quase todas as áreas de atividade humanas. A informatização consiste no ato de organizar e produzir uma tarefa usando algoritmos computacionais.

       Partindo da informação sobre o papel da computação no emprego, os autores decidiram estudar o quão suscetíveis estão os empregos à informatização. 

      Foram analisadas 702 ocupações detalhadas (nos Estados Unidos da América) e implementada uma metodologia para estimar a probabilidade de informatização dessas ocupações, classificando-as segundo o risco de informatização (de muito baixo a muito alto). Não vou explicar essa metodologia porque não é isso o que pretendo retirar desta edição e porque estava aqui 3 semanas a escrever e ninguém ia perceber nada. Estima-se, então, que 47% do emprego total nos EUA esteja na categoria de alto risco relativamente à probabilidade de informatização. O que é que podemos então extrapolar para o nosso querido Portugal?

       Ora podemos concluir que a automatização de muitos dos empregos que vemos hoje irá certamente acontecer nas próximas duas décadas. É motivo de preocupação? Sim e não. Sim porque é um número massivo de empregos que sofrem alterações ou se anulam para robots e não porque dá ao ser humano hipótese de se reinventar no mundo do trabalho e de criar novas ocupações. Não vamos simplesmente deixar de trabalhar, lamento desiludir os mais preguiçosos...

       Quem leu até aqui deve estar neste momento a pensar: "Mas afinal quais são os empregos em risco de automatização?". Os autores não respondem a essa questão, mas vou tentar fazer de vidente. 

       Bibliotecários, relojoeiros, serviços de apoio a cliente, mediadores de seguros e imobiliários, carteiros, operários de maquinaria seja de comboios, carros etc.., projetistas, analistas de crédito, auditores, bancários, guias turísticos, são alguns dos muitos empregos em risco muito elevado de automatização e que irão sofrer duras alterações nas próximas décadas, podendo mesmo acabar. Penso que a automatização irá chegar aos transportes, porém, tenho algumas dúvidas se será nas próximas duas décadas. Todas as áreas de principal atividade económica do nosso país vão sofrer alterações e ainda bem. 

       A inovação tecnológica levará a alterações no trabalho de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, então a melhor forma de lidar com isso será utilizar a automatização como aliado e parceiro facilitador para criação de novas ocupações e melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade, do que como rival que veio retirar o emprego a metade da sociedade. Os empregos para a vida acabaram e a adaptação é a chave para o sucesso no mundo do trabalho. É mais fácil dizer do que fazer, é certo. Porém ainda agora se viu a capacidade de resposta à crise por parte das empresas neste ano de pandemia. Este tipo de mudanças deve ser encarado com bons olhos, ou então ficamos para trás..


       João Barros

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